"Carta de adeus pra você.
Se for preciso retirar toda a roupa molhada, eu vou fazer. Jogo lavanderia abaixo, eu não me importo que caia tantos andares sobre a cabeça de alguém. A gente precisa parar. A gente vai parar. Não posso mais acordar uma hora antes do batente, não posso mais ser surpreendida por falhas do sono, nem respirar profundo esperando enconstar nos seus pés e achar a resposta pra sua falta de compromisso. Eu quero o fim. Eu quero o recomeço. Eu te obrigo, você me deixa, a gente se esquece e eu invento a memória de que foi tudo muito bom. Mas de comum acordo: a gente nunca vai ter existido junto. A aniquilação de qualquer sentimento me importa mais do que saber que você tem agora um emprego e vai chegar cansado. Eu não preciso de favores. Não preciso de carona depois do trabalho. Isso deveria ser de praxe. Não preciso de você pra me fazer gozar a vida.
De todos os livros que eu não escrevi, eu te encerro nesta última página.
Vou amar o meu talento e abrir o meu baú. Vou encontrar o meu, o tão somente meu tesouro.
E é só uma questão de quando."
Natália Canto
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