sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Dureza



Se o mundo é mais irônico do que justo, a expressão cair do cavalo deve ter um forte humor negro nesse mês em que o meu inferno astral se inicia.

Engessar o braço é uma merda. Perdão a palavra. É difícil para abrir a calça e mijar, é difícil fazer um rabo de cavalo para colocar a touca de banho, é difícil lavar a cabeça, espantar um inseto que pousou no braço oposto do quebrado. É impossível dirigir por longas distancias e sair para esquecer do mundo. Tomar um ar.

O gesso não imobiliza só o membro quebrado. Ele paralisa a sua liberdade. E para uma sagitariana, isso é quase que uma camisa de força. É estar num calor de 40 graus de biquíni, com uma piscina azulada na sua frente, e não poder pular. É triste e dói.

Dói principalmente pela Lis, que perdeu o aconchego completo de mãe. Perdemos as mamadas em que olhávamos nos olhos, quando ela ainda estava acordada. Perdemos as trocas de fraldas que tentávamos nos entender, perdemos a abelhinha, as idas sozinhas ao parquinho. Perdemos.

Serão dias nulos, que não mais voltarão, e sinto que terei que passar sozinha, me remoendo por dentro, enquanto a minha mãe dá uma baita força para repor o amor que não posso dar por completo.

Vamos em frente.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Imaginava como seria o parto normal. E pensava: como iria passar uma criatura por aquele canal onde um O.B. médio resolve



Relato para a Pati Zen:

Minhas contrações começaram dia 02/12 às 22h30, quando estava montando um álbum de fotografias. Na hora percebi que a dor foi diferente das pequenas contrações que estava acostumada a ter, as chamadas Braxton-hicks. Essas contrações fortes começaram com intervalos de mais ou menos 23 min. Foi assim até às 5h da manhã do dia seguinte, qdo as contrações passaram a ser com menos de 10 min de intervalo. Neste momento, resolvemos ir para o hospital.

Mas antes disso, tinha vezes que achei que ia morrer de dor, tomei 2 banhos para aliviar a lombar, sabia que não podia ir antes para o hospital pois eles me mandariam de volta para a casa se não fosse a hora. Para relaxar, o Marcelo lia o livro “O que esperar quando está esperando” e foi lá que ele teve a certeza que as contrações tinham que ter no mínimo 10 min de intervalo para irmos para o hospital. Até aí, eu e o Marcelo tiramos o pijama e colocamos a roupa para sairmos 3x! Pq assim que vem a contração, vc acha que vai explodir de dor, que o bebê vai nascer, mas 1 segundo depois que a contração passa vc não se lembra mais da dor. Acho que a natureza faz isso para termos coragem de enfrentar o parto.

Às 5hs fomos para o hospital. Lá, eles mediram a intensidade das contrações, o intervalo e a minha dilatação, que por enquanto não tinha nenhuma, zero. Mesmo assim chamaram o meu médico e me deram buscopam na veia (o que não adiantou muito). Qdo o Dr. Ayres chegou, lá pelas 7hs, ele me deu ocitocina. Aí o bicho começou a pegar! Comecei a ter dilação, a bolsa estourou naturalmente e eu quase comecei a morrer de dor, pq o anestesista não chegava. Fui até quase 8 de dilatação sem epidural, as contrações emendavam uma na outra, era uma dor tremenda. Essa é a real, dói muito pra não falar um palavrão. Nem os banhos quentes que tomei melhoravam a dor. Tanto que queria muito o parto normal, mas qdo as contrações começaram a emendar uma na outra e o anestesista não chegava pedi para me cortarem, para ser cesárea. O médico que falou que estava louca.

Bom, o anestesista, que estava fazendo outro parto em outro hospital, chegou e quando ele deu a anestesia dormi rindo, juro por Deus que dormi rindo até a hora do parto. Até aí, foram mais de 12 hs de trabalho de parto. Eles me acordaram, mudei de cama e fui para a sala ao lado. Fiquei com mto enjôo, a pressão caia às vezes, mas o anestesista tomava conta desses males com os medicamentos.

Sentia as contrações, mas sem dor. E quando estava no ápice delas, eles me avisavam pra fazer força. A Lis nasceu dia 03 às 14h22 sem quase chorar. Calma e linda. Foi a maior emoção do mundo.

Com tudo, eu aconselho duas coisas: uma, confie em seu médico. Outra, tome anestesia. Não será um medicamento ou a forma de parto que irá descaracterizar sua força de mãe. Você sentirá muitas dores até chegar o momento certo de dar a anestesia. Se não me engano, vc tem que chegar com até 4 de dilatação para aplicarem o medicamento.

E para você já se preparar, mais difícil que o parto foi o pós-parto para mim. Porque o famoso pic que dão lá em baixo doeu muito e demorou dias para desinchar. Tive que sentar na almofada para hemorróidas, que apelidei de Hiroto, durante 1 mês inteiro.

Ahhh... o Hiroto. Ia pra cima e pra baixo comigo nessa casa, se não era inviável sentar no próprio rabo. Como doeu! Achava que não ia fazer sexo nunca. Mas isso daí já é outro assunto.

Pati, como diz o povo da Bahia, boa hora para você. Faça a oração da Nossa Senhora do Bom Parto e relaxe, a natureza é sábia. Tão sábia que eu nunca te vi tão bem.

Bjão e a maior saúde do mundo para vc e o Antonio. Boa hora.

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